sábado, 16 de janeiro de 2010

Imortalidade - Victor Hugo

“A morte não é o fim de tudo.

Ela não é senão o fim de uma coisae o começo de outra.

Na morte o homem acaba, e a alma começa.

Eu sou uma alma.

Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser.

O que constitui o meu eu, irá além.

O homem é um prisioneiro.

O prisioneiro escala penosamenteos muros da sua masmorra.

Aí, olha, distingue ao longe a campina.

Aspira o ar livre, vê a luz.

Assim é o homem.

O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade.

Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?

Por que não possuirá ele um corpo sutil, etéreo.

De que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo

É por demais pesado para esta terra.

O mundo luminoso é o mundo invisível.

O mundo do luminoso é o que não vemos.

Os nossos olhos carnais só vêem a noite.

A morte é uma mudança de vestimenta.

A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz.

As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz.

Aproximam-se cada vez mais e mais de Deus.

O ponto de reunião é no infinito.

Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.

Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito.”

(Victor Hugo)

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