quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Belém dos meus encantos

Lá vem Belém,

moreninha brasileira,
com perfume de mangueira,
vestidinha de folhagem.
E vem que vem,
ligeirinha, bem faceira,
como chuva passageira
refrescando a paisagem.



Lá vem Belém,
com suas lendas, seus encantos,
seus feitiços, seus quebrantos,
seus casos de assombração.
E vem que vem,

com seu cheirinho de mato,
com botos, cobra Norato,
com rezas, defumação.



Lá vem Belém,

recendente, feiticeira,
no seu traje de roceira,
na noite de São João.

E vem que vem,
com seus banhos de panela,
alecrim, jasmim, canela,
hortelã, manjericão.




Lá vem Belém,

a Belém dos meus encantos,
dos terreiros, Mães de Santo,
das crendices, do pajé.
E vem que vem,
com sobrados de azulejo,
vigilengas, Ver-o-Peso,
na enchente da maré.



Lá vem Belém.
No dia da Trasladação
vela acesa, pé no chão,
sempre firme em sua fé.
E vem que vem,
o povo implorando graça,
sempre que a Berlinda passa
com a Virgem de Nazaré.

Lá vem Belém,
junto de Nossa Senhora,
dia do Círio ela implora
saúde, paz e dinheiro.

E vem que vem
o povão, o povo inteiro
porque Deus é brasileiro
e Jesus nasceu em Belém.


Sylvia Helena Tocantins

Escritora e membro da Academia Paraense de Letras

A poesia “Belém dos meus Encantos” foi musicada pelo compositor paraense Edyr Proença. Recebeu a Medalha “E. D’Almeida Vitor” no VI Concurso Nacional de Poesia realizado em Brasília em 1985.

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